Começou! O ano das eleições chegou e, agora, definitivamente, esta será a pauta até outubro. Então, convém ao amigo leitor (e eleitor) se engajar desde já. Vamos tirar o país do rascunho.

Como já tive a oportunidade de escrever outrora, no pleito de 2002, Lula só conseguiu se eleger (após 3 tentativas frustradas), porque as pessoas se engajaram muito em sua campanha. Eu fiz de tudo em favor dele naquela ocasião, seja angariando votos em casa, na faculdade, no meu círculo de amigos e até com simples conhecidos. Minha principal ideia à época era quebrar a hegemonia do PSDB no Poder Executivo Federal (após 2 mantados de Fernando Henrique). E, claro, naquele tempo eu acreditava em muitas coisas que a esquerda vende economicamente, mas, que aprendi (porque a vida ensina), não funcionam jamais na prática, infelizmente.

Pois bem, independentemente de fazer aqui uma análise sobre os méritos do governo Lula, ou mesmo do governo Dilma, que o sucedeu na cadeira de Presidente da República, a questão é que: houve corrupção, muita, daquelas que nunca se viu igual, com método e escancaramento. Tanto é assim que o processo do “Mensalão” (cujos fatos remontam apenas aos tempos de Lula na presidência) condenou dezenas de pessoas, inclusive o Ministro-Chefe da Casa Civil de Lula, José Dirceu. Tudo conduzido pelo próprio STF e transmitido pela TV. Pesquise a respeito.

Depois, num período que abarca o 2º governo Lula (reeleito) e os mandatos de Dilma Rousseff, desvelou-se o “Petrolão”. Ali as cifras achacadas dos cofres públicos chegou à casa das dezenas de bilhões – e há abundância de provas. Se você acha que não, convido-o cordialmente a ler as 2 sentenças condenatórias de Lula, relativas ao triplex do Guarujá[1] e ao sítio de Atibaia[2].

Quer dizer, você pode achar que Sérgio Moro é um boçal, que é bolsominion, que age como um agente da CIA infiltrado no país, que representa os interesses de banqueiros e outros magnatas nacionais etc. Não há porque discutir isso nesta coluna. O que te convido a fazer, caro leitor entusiasta de Lula, é imprimir as 2 sentenças e colocá-las na cabeceira da cama. Daqui até outubro certamente haverá tempo para que concluas ambas as leituras. Elas são muito didáticas sobre o que aconteceu. Está tudo lá: documentos, escutas telefônicas, depoimentos de testemunhas, transações bancárias, fotos, vídeos, confissões, delações, monstruosa devolução de dinheiro (desviado) aos cofres públicos etc. Então, antes de sair por aí dizendo “cadê as provas?”, tenha a hombridade de ler as 2 condenações. Uma delas é da lavra de Sérgio Moro (triplex), outra quem proferiu foi a juíza Gabriela Hardt (sítio). É importante lembrar que, depois disso, os casos ainda foram analisados por 3 desembargadores federais do TRF-4 e, todos, mantiveram as condenações (com base na prova dos autos) e ainda aumentaram as penas! Houve inclusive apreciação no âmbito do STJ, onde 5 ministros se debruçaram sobre os autos e, nenhum (nenhum!) deles votou para absolver Lula. Essa é a realidade, ainda que lhe doa…

Enfim, se o STF disse (depois) que a competência para analisar os casos não era da 13ª Vara Federal de Curitiba/PR (após ter asseverado, inúmeras vezes, desde 2014, que aquele era sim o Foro competente), são outros quinhentos. É óbvio que isso anulou os processos, que voltaram à estaca zero e, por decorrência do tempo, restaram prescritos. Então Lula hoje é “ficha limpa”.

Entretanto, isso não nos impede de analisar os casos, suas provas e guardar conosco algum julgamento íntimo, político. Seguramente, quando feita essa análise, com espírito aberto e despido de idolatria, as pessoas deixam de dar seu voto a Lula. Não é possível que tudo o que foi descoberto, revelado e provado, passe em branco na urnas no pleito que se avizinha.

Há detalhes incríveis contados por quem fez parte dessa história de saque aos cofres públicos. Veja no corpo das sentenças a transcrição daquilo que foi minudenciado por: Paulo Roberto Costa, diretor de abastecimento da Petrobras, entre 2004 e 2012; Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras, entre 2003 e 2012; Pedro Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobras; Nestor Cerveró, diretor internacional da Petrobras de 2003 até 2008, e diretor financeiro da BR Distribuidora de 2008 a 2014; Alberto Youssef, doleiro, que ficou conhecido como um dos maiores operadores do esquema. Os diretores da Petrobras confessaram os delitos, trouxeram fartura de elementos dos desvios em favor do Partido dos Trabalhadores e de si próprios, além de terem indicado como se dava o esquema e sua cadeia de comando. Já os empreiteiros Léo Pinheiro (OAS), Marcelo Odebrecht e Emílio Odebrecht, além de confessarem o pagamento de propinas, numa espécie de “conta-corrente” com o PT, explicaram que o próprio Lula pediu que sua quota fosse paga por meio de reformas e melhorias no triplex e no sítio. Dê uma lida.

Não é só isso – Antônio Palocci, político e ex-membro graduado do Partido dos Trabalhadores, que ocupou o cargo de Ministro da Fazenda no governo Lula (de 01/01/2003 até 27/03/2006) e também exerceu o cargo de Ministro-Chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff (de 01/01/2011 até 07/06/2011), confessou tudo – e ainda delatou todo o esquema que ajudou a operar à época.

Enfim, não se pode tapar o sol com a peneira amigo leitor. Gostaria que nada disso tivesse ocorrido, mas, aconteceu. É lamentável e triste! Apesar de ter votado em Lula em 2002, jamais tornei a fazê-lo. E não o faria novamente. Se você, leitor, simpatiza-se com as ideias de esquerda em vários temas, creio que haja alternativa. Pesquise mais sobre o plano de governo de Ciro Gomes para a Presidência de República[3]. Aliás, o próprio Ciro, no dia 23/01/2022, cuidou de explicar melhor quem é Lula historicamente, em vídeo que veiculou via Twitter[4]. É por essas e outras que o jornal Estadão fez um editorial, por coincidência do mesmo dia (23/01/2022), onde alertou que “parte do eleitorado está se esquecendo de quem é Lula. Convém recordar o que o PT fez em sua passagem pelo Poder”[5]. Enfim, os fatos e as provas estão aí, basta querer vê-los.

Justamente porque era preciso ter uma alternativa ao PT (que queria eleger Lula da prisão), que no pleito de 2018 foi possível a Jair Bolsonaro chegar à cadeira da Presidência de República. Havia muitos candidatos mil vezes melhor que ele, por exemplo João Amoêdo (em quem votei no 1º turno). Entretanto, num 2º turno em que o candidato de estepe de Lula, Fernando Haddad, enfrentou Bolsonaro, este último levou a fatura porque contou com votos de pessoas que têm simpatia por ele e, também, votos de outros que, como eu, apenas não queriam a volta do PT ao Poder. Mas, isso não garantia que o atual governo seria melhor, nem bom ou razoável.

Então, tivemos o governo Bolsonaro. E chegamos ao último ano dele (ufa!). Não houve golpe, e também parece que não houve governo… é incrível como Bolsonaro faz as coisas ao contrário do que parece minimamente razoável. Perdeu uma excelente oportunidade! Ou melhor, jogou-a fora, tripudiando sobre a dor da família de mais de 623 mil pessoas que sucumbiram nessa pandemia. Há denúncias variadas de “rachadinhas”, tanto em seu gabinete de ex-parlamentar como no gabinete de ao menos um de seus filhos. Há casos evidentes de nepotismo e de conflitos de interesses. Há uma gastança desenfreada no “cartão corporativo”. Deu-se o calote no pagamento de precatórios. Enfim, só não houve vontade de governar, de querer fazer pelo povo. No máximo, ele defendeu os interesses das forças armadas, e só… Onde estão a reforma administrativa? A tributária? As privatizações? Trata-se de um governo que jamais foi liberal – na verdade, tornou-se sua antítese. Vendeu-se por inteiro aos interesses do “Centrão”, por 30 moedas de prata, como Judas – alocou dezenas de bilhões para o “orçamento secreto”…

Ocorre que Bolsonaro é alguém que não tem a menor empatia para com o próximo. Além do que, não goza da menor vocação para liderar, governar e/ou executar. Então, inexoravelmente ficará fora da cadeira presidencial em 2023. Isso são favas contadas, como 2 + 2 são 4. Anote.

Apesar de ter votado em Bolsonaro no 2º turno de 2018, eu jamais daria a ele meu voto novamente. Jamais! E se você ainda assim gosta do homem (porque se idolatra, é caso perdido), sugiro que pesquise alternativas mais de centro-direita. Hoje há ao menos 5 candidatos por ali. Não precisa votar em Sérgio Moro, que é peça integrante dessa polarização verificada hoje. Sugiro que pesquise o nome de Felipe d’Avila[6], do Partido Novo – seu livro “10 Mandamentos: do País que somos para o Brasil que queremos” é uma bela plataforma de governo.

Veja, caro leitor, há alternativas. Lula não se parece com Ciro e nem, muito menos, Bolsonaro com Felipe d’Avila. Porém, para quem pretende eleger um nome de centro-esquerda ou um candidato de centro-direita, essas são as pessoas mais qualificadas dentre os presidenciáveis.

Aliás, se me permite mais 2 parágrafos de paciência, o Partido Novo, apesar de ter uma bancada “pequena” de apenas 08 deputados federais (além de diversos deputados estaduais, vereadores, o Prefeito de Joinville e o Governador de Minas Gerais – Romeu Zema), vem mostrando muita competência e zelo para com o contribuinte e os eleitores. Tanto é que no ranking dos políticos[7], o Novo obteve média de 9,01[8] (2019, 2020 e 2021), o que o coloca na 1ª posição no que diz respeito à “atuação no combate à corrupção, aos privilégios e ao desperdício da máquina pública” (que compõem a avaliação). Para se ter uma ideia, o 2º partido teve uma nota de 7,57. Não é só isso: dentre os 513 deputados federais, os 08 deputados do Partido Novo ficaram entre os 10 primeiros colocados[9] na média de 2019, 2020 e 2021. Algo muito fora da curva.

Importante lembrar, ainda, que o Partido Novo não utiliza um centavo sequer de dinheiro público. Tanto que os R$36,5 milhões do fundo eleitoral de 2020 foram devolvidos na íntegra ao Tesouro Nacional[10], assim como o serão os R$103,3 milhões do fundo eleitoral para o pleito de 2022. O Novo votou contra essa monstruosidade, que vai dar ao PT, por exemplo, R$566,27 milhões para campanhas políticas nas eleições deste ano[11]. Ademais, o Novo também não usa o fundo partidário, pago pelo contribuinte – o partido devolverá R$60 milhões à União. Aliás, os mandatários do partido recusam motorista, carro oficial, trabalham com equipe enxuta e gerem com muita parcimônia os gastos com verbas de gabinete, tanto que já economizaram mais de R$116 milhões de dinheiro público, desde 2017[12]. No Poder Executivo, Romeu Zema vem fazendo um belíssimo trabalho de recuperação do Estado de Minas Gerais, entregue a ele falido por Pimentel (PT). Os indicadores e a governança melhoraram ao ponto de dar a Zema, hoje, a aprovação de 72,3%, conforme pesquisa realizada pela Paraná Pesquisas[13].

Então, ainda que você vá votar mesmo em Lula ou Bolsonaro, lembre-se que um país decente se faz com bons parlamentares, eleitos para o Poder Legislativo. Considere pensar melhor a respeito antes de ir às urnas. E quem sabe os números acima o inclinam a eleger algum dos candidatos do Partido Novo! Certamente você será bem representado, pode apostar. Quem diz isso não é apenas este colunista, são os números citados, além do ranking dos políticos.

Ricardo Dantas

Ricardo Dantas

Advogado