Conforme consta da Wikipédia[1], estima-se que a população global chegou a 7,7 bilhões, em abril de 2019. E as Nações Unidas estimam que a população humana chegará a 11,2 bilhões até 2100. A Ásia abriga hoje mais de 60% da população mundial. A China e a Índia sozinhas têm 37% do total de pessoas no mundo. Essa marca é seguida pela África com 15% da população mundial. Dados relevantes para a análise a que convido você.

Na lista com as 15 maiores economias mundiais, de acordo com o World Economic Outlook Database, do Fundo Monetário Internacional[2] (atualização de abril de 2018), temos a China em 2º, logo atrás dos Estados Unidos, e a Índia em 5º, após Japão e Alemanha. O Brasil consta em 9º, sendo precedido por França, Reino Unido e Itália.

A China, aliás, deve se tornar a maior economia do mundo até 2030, conforme projeção do HSBC[3]. “Nada pode impedir que a nação e o povo chineses avancem”, disse o presidente Xi Jinping na porta de Tiananmen, o mesmo local onde Mao Tsé-tung (1893-1976) proclamou a fundação da República Popular da China, exatos setenta anos antes, em 01/10/1949 – conforme consta de extensa reportagem feita pela Revista Veja[4].

A consultoria PwC previu recentemente que em 2050 os Estados Unidos terão sido desbancados pela Índia, hoje em terceiro, no ranking das maiores economias do mundo em paridade de poder de compra – conforme divulgado pela Revista Exame[5]. O que se espera é que, em muito breve, a China vai passar bastão do crescimento para Índia.

Assim, analisados os números acima debruçados, é possível concluir, com pouca margem para dúvidas, que: mais de um terço da população do mundo vive sob um regime quase nada democrático. Mas, ao contrário do que indica o senso comum, estão prosperando, e rápido, tanto que se tornarão a 1ª e a 2ª economias mundiais até meados deste século. Ademais, ao que consta, suas populações não acham o fim da picada viver sob um regime de governo (caso da China) ou num regime social (caso da Índia) que sejam pouco democráticos. E isso porque a economia parece estar incluindo as pessoas.

A China é governada por um sistema que autodenomina como “democracia consultiva socialista”, mas, na verdade, o Partido Comunista da China (PCC) mantém o controle sobre as nomeações governamentais, o que implica num regime ditatorial que vigora por décadas, controlador de seu povo e opressor da oposição, o que faz da China um dos países menos livres em termos de liberdade de imprensa, por exemplo.

De outro lado, a República da Índia é uma democracia parlamentar centrada no federalismo – o presidente é o chefe de Estado, enquanto o primeiro-ministro é o chefe de governo. A Índia é considerada a maior “democracia” do planeta. Porém, 75% dos indianos são seguidores da religião hindu e ela interfere diretamente na estruturação social, uma vez que o hinduísmo divide a sociedade em castas. E, como ensina o site Brasil Escola[6], a divisão da sociedade em castas é determinada a partir da hereditariedade e definem a posição social que determinadas famílias hindus ocupam, fator que estabelece um tipo de “hierarquia” social marcada por privilégios e deveres. Esse sistema tem como principal característica a segregação social, determinando a função das pessoas dentro da sociedade. Tal segregação resulta em desigualdade social, que é explicada pelo fato de um indivíduo não poder ascender para uma casta superior.

Ademais, se colocarmos na conta o continente Africano, onde grassam tiranos de toda espécie, além de guerras entre países ou guerras civis (em boa medida fomentadas pela divisão artificial de suas fronteiras, feita justamente pelo “Ocidente Democrático” – colonizador e escravizador), com constantes noticiários de fome, pragas e limpezas étnicas, teremos então que mais da metade da população mundial não convive com a democracia. Podem até tê-la no papel, mas, não a veem na prática. Como ocorre, aliás, em países como a Rússia, de dimensões continentais e enorme poderio espacial e bélico.

No campo da religião, pesquisas apontam, como divulgado pela Revista Exame[7], que até o fim deste século, muçulmanos irão superar os cristãos como o maior grupo religioso do planeta. Outras pesquisas apontam, ademais, que a população muçulmana na Europa pode triplicar até 2050[8]. Em 2010, no último censo aparentemente realizado, mais de 1,6 bilhões de pessoas, cerca de 23,4% da população mundial, era muçulmana[9].

Com isso não quero dizer que todos os governos muçulmanos sejam tirânicos, atente-se a isso o leitor, mas, apontar que, num futuro breve, teremos mais pessoas no mundo que abraçam, por vontade própria, uma forma de viver muito mais restritiva do que aquela proposta nas democracias ocidentais, onde o livre-arbítrio é um bem quase intocável.

De outra banda, no Brasil, há um outro fenômeno acontecendo: os católicos serão ultrapassados por evangélicos até 2040. Segundo a Revista Exame[10] é um raro caso de “revolução religiosa”. Os católicos, que em 1980 eram quase 90% da população, devem representar menos de 50% já em 2030, mas ainda liderarão. Dez anos depois, estarão em menor número que os evangélicos, segundo a revista. Os evangélicos são muito mais atuantes que os católicos, vão mais à igreja e contribuem financeiramente com valores bem maiores para manter suas agremiações religiosas. Os evangélicos, aliás, conseguiram eleger um Presidente da República recentemente: Jair Messias Bolsonaro. Ele é um dos frutos mais emblemáticos da “revolução religiosa” acima apontada.

Assim, caro leitor, goste você ou não, tudo isso vai acontecer e em breve. O que significa que nosso país, nossos governos e o mundo vão mudar bastante, enquanto você ainda é vivo. Você tem se preparado para esse “Novo Mundo”? Não adianta espernear ou sair correndo. É preciso compreendê-lo, porque você terá que se acostumar com ele.

Os formadores de opinião, em geral, têm se dedicado mais a fazer ataques velados a essa verdade, como se os evangélicos precisassem de um tutor ou um curador, quase que os chamando de ‘idiotas’, pois seriam enganados financeiramente por seus pastores. Ocorre que você tem a opção de raciocinar melhor o tema e não cair nessa ladainha. Pare de se queixar dos evangélicos e seus valores mais conservadores. Procure entendê-los, debater ideias com eles. A tendência é que eles governem o país por muito tempo.